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O realizador japonês Yasujiro Ozu (Tóquio, 12 de dezembro de 1903 – Tóquio, 12 de dezembro de 1963) é um realizador de afetos, aquele que se encontra mais próximo da vida quotidiana e da família, um dos seus temas maiores. Mas a casa, como foco espacial e emocional das personagens, nunca terá sido ponto de partida para um estudo ou interpretação. A casa onírica de Gaston Bachelard é assim a porta de entrada para a casa onírica, cinematográfica, de Ozu.

A partir da análise de cenas de alguns dos seus filmes é levantado o seguinte problema: que relevância tem para Ozu a ameaça à estabilidade dos ciclos familiares?

Ozu faz-nos sentir que vivemos pedaços completos da vida das personagens, construindo as suas narrativas em torno de ciclos de vida. Outro objetivo do presente estudo é tentar perceber como é usado o tempo fílmico (dentro dos planos, da montagem entre planos e entre cenas) relacionando a ideia de ameaça ou ruptura de um estado emocional com os conceitos de tempo, duração e ciclo narrativo. Pretende-se igualmente entender como é que Ozu constrói a ideia de ciclo e a sua regeneração procurando relacionar estas conclusões com um olhar do realizador sobre o mundo que filma. Por fim, propõe-se uma reflexão sobre a natureza artística do cinema tendo como referência a obra de Ozu.

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